UM ENSAIO FOTODOCUMENTAL DA ROMARIA DO SENHOR DOS PASSOS.

Há 200 anos, desde que pescadores resgataram do rio Paramopama a imagem do Senhor dos Passos, a cidade de São Cristóvão, em Sergipe, tornou-se o palco de uma das maiores tradições que expressam a fé católica na região Nordeste do Brasil.  

 

“Corpo, Alma e Religião: um ensaio foto documental da Romaria do Senhor dos Passos” traz, além do conjunto de fotografias tiradas entre 15 e 17 de março de 2019, a experiência de um coletivo jornalístico, formado por estudantes da Universidade Federal de Sergipe, que acompanhou os romeiros desde a peregrinação até o último dia de romaria.

 

Anualmente, milhares de devotos fazem a peregrinação, alguns descalços, trazendo em suas vestes o roxo, ou não. Por uma linha tênue, as fotografias buscam capturar a experiência do sagrado no submergir na multidão, no esquecimento do si mesmo nos rituais, no expurgo dos pecados e na reafirmação da fé pelo sofrimento auto infligido. As imagens também buscam registrar a fé, plasmada nos rostos cansados dos pagadores de promessas, no silêncio de suas rezas baixinhas (com ou sem um terço nas mãos), na chama das velas acesas e nos ex-votos, ofertados como símbolos da graça atendida ou da promessa paga.

 

São Cristóvão, também conhecida como Cidade Mãe de Sergipe recebe durante o evento mais de 70 mil visitantes. Por três dias, a cidade é tomada pelo roxo, cor que representa a quaresma católica, período de 40 dias que antecedem a páscoa. Mas além dos pagadores de promessas, o evento também atrai curiosos que observam o evento com o olhar distanciado dos expectadores e registram o espetáculo na memória de seus celulares inteligentes. E no encalço da multidão formada por devotos e curiosos, a cidade também é tomada pelo comércio informal de artefatos religiosos, roupas, comidas e “remédios naturais”. E desse modo, a tradição é abraçada pela espetacularização.

 

Sem nenhuma pauta impressa ou roteiro pré-estabelecido, as fotografias desse ensaio fotográfico foram guiadas pela ânsia de três acadêmicas de jornalismo que se propuseram a imergir na multidão e a sentir em seus músculos o que sentiam os pagadores de promessas. A proposta foi a de que, imersas no acontecimento, a visão fosse o último sentido a ser aguçado. Mas como qualquer história que pode ser contada, o ensaio traz uma parte do que cada uma viu e registrou.

 

                                                                          Um/3 - Charlotte, Isabela e Williany